Em 25 de junho de 1973, em Genebra (Suíça), a Organização Internacional
do Trabalho (OIT) adotava a Convenção 137 sobre o trabalho portuário
considerando que os trabalhadores deveriam se beneficiar das vantagens
da modernização dos portos. Passados 43 anos, a mão de obra portuária no
Brasil tende a ser mais precarizada diante da iminência de
mega-armadores controlarem o comércio exterior brasileiro, de acordo
como o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes
Aquaviário (Conttmaf), Luiz Fernando Barbosa Santos.
“O
mundo assiste passivamente à monopolização do transporte marítimo
mundial, no segmento de cargas conteinerizadas. Maersk, MSC, CMA-CGM,
Cosco Chinesa, APL Americana são mega-armadores que querem controlar
nosso comércio exterior”, afirma o sindicalista, que aponta efeitos
nocivos dessa concentração de mercado às empresas nacionais, mas
principalmente aos trabalhadores. “O que ocorre no mundo é o uso da mão
de obra como fator de concorrência. Isso é feito baixando padrões
salariais, aumentando a jornadas laborais e diminuindo os investimentos
em saúde do trabalho e meio ambiente."
Para Santos, os trabalhadores precisam colocar o aspecto da
concorrência leal nos debates, seja no Conselho de Autoridade Portuária
(CAP) ou em outros fóruns. “Os contratos de arrendamento têm que ter a
cláusula obrigando as convenções coletivas de trabalho e estas devem ser
padronizadas para que um terminal não reduza a condição social dos
trabalhadores. Assim como o meio ambiente, os fatores da
sustentabilidade humana também devem ser garantidos."
Além desses antigos problemas, salienta o dirigente portuário, surgem
outros com a Medida Provisória 727 – que cria uma secretaria para
incentivar as parcerias públicas em infraestrutura (PPI), indicando ser
objetivo do governo interino ampliar os arrendamentos para áreas do
porto público.
“Isso atende aos mega-armadores, que chegam com um discurso muito
sedutor de que suprirão o país de um novo porto. Só que um porto onde
eles têm a faca e o queijo na mão, quebrando o ambiente concorrencial”,
alerta. “Se essa política se consolidar, haverá um processo de
arrendamentos sem critérios ambientais e de gerenciamento costeiro; sem
levar em conta como aquela infraestrutura se comporta com as já
existentes; sem avaliar se isso pode levar a um desperdício de poupança
privada ou concorrência desleal. Esses temas deveriam, mas não estão
sendo debatidos."
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