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Sistema de Gestão de Transporte é passo importante para o amadurecimento do mercado logístico brasileiro



Por seu território de proporções continentais, infraestrutura rodoviária escassa e particularidades regionais, o Brasil é singular e complexo, quando o assunto é logística. Nos últimos 15 anos, com o desenvolvimento da indústria nacional acirrando o mercado e a consolidação da internet, que trouxe consigo o comércio online, o País vem sendo cruzado de Norte a Sul e de Leste a Oeste com mercadorias de todos os tipos, o que possibilitou o amadurecimento do setor.

No entanto, ainda está longe do ideal. O desenvolvimento da logística brasileira se deu paralelamente ao crescimento econômico, registrado nos anos 2000, sem planejamento, apenas para suprir uma demanda emergencial. Depois de 15 anos, talvez esteja na hora de planejar o setor, ao menos no que concerne à indústria, que, em um cenário de crise econômica, com margens de lucro cada vez mais restritas, precisa economizar. 

Por todos os fatores já apontados, o Brasil é o País das oportunidades, quando o assunto é reduzir custos de transporte. Modernizar sistemas e implementar ferramentas de visibilidade são fundamentais, quando é esse o objetivo. No Brasil, há dois anos, a companhia holandesa Eyefreight possui um Sistema de Gestão de Transportes (TMS), que coloca o embarcador no controle da operação cobrindo os três pilares básicos da logística: fluxo de materiais, fluxo de informação e fluxo financeiro.

Com milhares de usuários no mundo todo e atendendo a clientes com logística complexa em segmentos distintos, como de bens de consumo, varejo de moda, indústria siderúrgica e de bebidas, e distribuição de flores, a Eyefreight tem como objetivo oferecer às companhias brasileiras visibilidade em seu processo logístico, gestão de custos e gestão de performance. 

Durante a sua primeira visita ao Brasil, o CEO da Eyefreight, Ken Fleming, ressaltou a importância de uma ferramenta que possibilite a redução de custos de transporte como alternativa à redução nos custos de produção. “Quando as empresas pensam em oferecer o melhor preço aos seus clientes, os custos de fabricação são os primeiros a serem cortados, o que inviabiliza a longo prazo, uma vez que as margens ficam cada vez mais estreitas. Por que não pensar em reduzir custos a partir da logística? É esse, talvez, o melhor resultado que a ferramenta de TMS Eyefreight pode oferecer.”

Vale ressaltar que a possibilidade de pensar em redução de custos de distribuição é relativamente recente. Somente 10 anos atrás, ainda de acordo com Fleming, começaram a surgir tecnologias de planejamento de transporte. As antecessoras a essas nasceram em 1990, complexas, de difícil implementação e muito caras, logo, pouco acessíveis. “As empresas tinham de dispender milhões de dólares para melhorarem seus processos logísticos e estamos falando somente de multinacionais globais, todo o resto, cerca de 90% do mercado, ficava de fora.”

Com 90% das empresas fazendo a gestão de transporte manualmente, todas elas tinham de ter pessoas em muitos postos, carregando os caminhões, os trens, verificando as tarifas de frete marítimo etc, inviabilizando pensar em reduzir os custos. Para o executivo, ter um sistema computadorizado, que utiliza algoritmos de última geração para gerir o transporte, é revolucionário. “Podemos colocar as informações nas nuvens. Não dá para comparar as tecnologias de gestão de transporte de antes com o que temos agora. O que mudou é que agora essas tecnologias são muito mais fáceis, acessíveis.”

Apesar de toda essa tecnologia vigente, são poucas as ferramentas de TMS disponíveis no mercado e, como aponta o CEO, as grandes companhias ainda utilizam essas ferramentas da década de 90. “As grandes companhias continuam olhando para as soluções tradicionais, quando um novo sistema pode fazer essa gestão de transporte melhor, com mais eficiência e ainda de fácil utilização.”

Não importa qual seja o seu produto: bebidas, jeans, aço, o sistema calculará quantos caminhões precisará para embarcar e como carregar esses caminhões de forma mais econômica, um exemplo de processo simples que deixa de ser manual e pode gerar uma economia significativa nos custos de transporte. “Toda a cadeia logística da companhia é impactada, quando se implementa um TMS, incluindo, por exemplo, a relação das empresas com as transportadoras. As grandes companhias costumam utilizar as mesmas transportadoras. O sistema pode sugerir o embarque de produtos de empresas diferentes em um mesmo caminhão, quando viável, dividindo custos e gerando economia. Esse é só um exemplo, inviável pensando a partir do controle manual do transporte”, exemplificou Fleming.         
Por que o Brasil?Quando indagado sobre a escolha de vir ao Brasil, Ken Fleming foi enfático: “não estamos aqui por acidente”. Para o executivo, o Brasil é uma grande oportunidade por sua extensão territorial e complexidade na distribuição de produtos. “A complexidade do Brasil é exatamente o motivo pelo qual estamos aqui. Quanto mais complexo for o processo logístico, melhor é para a Eyefreight, porque é para esse tipo de planejamento de transporte que nossa ferramenta existe.”

Além disso, a decisão de se estabelecer no País vem para suprir a carência de TMSs no País. “Todas as companhias com as quais conversamos nos disseram que os Sistemas de Gestão de Transporte no Brasil são muito caros e de difícil implementação. Sabemos que a nossa ferramenta atende às necessidades das companhias brasileiras”, revelou o CEO.

Tamanha segurança ao afirmar que o TMS Eyefreight atende às necessidades das companhias brasileiras vem, antes de tudo, de um estudo aprofundado do País. Fleming apontou a ausência de infraestrutura nas estradas brasileiras, o tamanho do País e, em consequência disso, o grande número de transportadoras como fator problemático para a logística tupiniquim. Como uma ferramenta personalizável, o TMS Eyefreight pode atender às particularidades de cada companhia com a sua malha logística própria. “Temos clientes globais, por exemplo, a Mango. Todas as lojas são iguais e 100% de sua produção é feita na Ásia e sai da Espanha para ser distribuída por todo o mundo. É uma distribuição massiva. Então, quando olhamos para o Brasil é a mesma coisa. O Brasil é muito grande, é como ter três países em um. Não há uma única solução para o Brasil, são muitas soluções que têm de trabalhar juntas.”

“Outra questão é que as companhias usam muitas transportadoras. Fora do Brasil elas usam, em média, cinco. Por que usam tantas? Porque cada uma delas atende determinada região do País. Com o design do sistema da Eyefreight, você pode desenhar cada uma dessas rotas, com cada uma dessas transportadoras de forma automatizada. Temos uma ferramenta customizável, configurável”, relatou o executivo.

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