Por conta da crise econômica, a Ambev
resolveu adiar o aumento dos preços de seus produtos no Brasil, que
normalmente ocorre no terceiro trimestre, para o quarto trimestre.
Com o contínuo aumento do desemprego, a pressão por preços ficou
ainda maior. O clima também não ajudou. “Tivemos um inverno mais
rigoroso. Mas estamos nos aproximando do verão”, disse Bernardo Paiva,
diretor geral da Ambev, em conferência com analistas.
“Sempre avaliamos, em conjunto, o volume de vendas, participação de
mercado e preço, para decidir sobre qual é a melhor estratégia”,
afirmou, justificando a decisão de adiar a alta de preços.
Para a Ambev, o cenário macroeconômico no Brasil prejudicou o seu
desempenho. “Estamos decepcionados com os números no Brasil”, afirmou
Ricardo Rittes, vice-presidente financeiro e de relações com
investidores.
A inflação, alto índice de desemprego e a baixa confiança do
consumidor afetaram o volume de vendas no país, que caiu 4,1%. A receita
líquida no Brasil encolheu 6,6% e o Ebitda, 31,1%, chegando a R$ 2,02
bilhões. A receita com cervejas foi 5,3% menor no trimestre.
Consumidores também trocaram refrigerantes por água ou sucos em pó,
mais baratos. As vendas nessa categoria despencaram 13,8% no trimestre
em relação ao mesmo período do ano anterior.
Aumento nos custos
Além da queda nas receitas, a companhia também amargou aumento nas
despesas. O custo dos produtos vendidos no Brasil foi 24% maior no
período.
O principal motivo foi o hedge feito pela empresa, ou seja, uma
proteção contra a variação do real. Como o real desvalorizou 60% no
segundo semestre de 2015, a recuperação da moeda foi refletida no
aumento de custos.
Assim, os custos atrelados ao dólar, que são cerca de 40% do total,
aumentaram em relação ao trimestre anterior. “2016 foi um ano muito
desafiador em termos de volatilidade de câmbio no Brasil”, afirmou
Paiva.
Foco em garrafas retornáveis
Para oferecer produtos a preços mais atrativos, a Ambev investiu
fortemente nas garrafas de vidro retornáveis de 300 mL. Elas já são
responsáveis por 25% das vendas dos supermercados, número que ainda deve
aumentar, segundo o diretor.
Além de serem mais acessíveis para os consumidores, as garrafas também são mais baratas para a companhia.
“O alumínio das latinhas é uma commoditie com preços que são
bastante afetados pela variação do dólar. Não é o caso do vidro. A
nossa exposição à variação da moeda é menor e os custos também são
reduzidos”, afirmou Paiva.
Com a melhora do cenário macroeconômico no Brasil e o aumento da
renda e da confiança dos consumidores, a Ambev espera recuperar as
vendas, principalmente no segmento de cervejas premium.
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